A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS


A paixão de Cristo, a partir de um ponto de vista médico
C. Trunan Davis
De repente, eu percebi que eu tinha tornado a crucificação de Jesus mais ou
menos sem valor, durante estes anos, que havia crescido calos em meu coração
sobre este horror, por tratar seus detalhes de forma tão familiar – e pela
amizade distante que eu tinha com Ele. Isto finalmente aconteceu comigo quando,
como médico, eu não sabia o que verdadeiramente ocasionou a morte imediata. Os
escritores do evangelho não nos ajudam muito com este ponto, porque a
crucificação era tão comum naquele tempo que, sem dúvida, acharam que qualquer
detalhe seria desnecessário.
Eu estudei a prática da crucificação, que é a tortura e execução de alguém
fixando-o na cruz.
A coluna vertical era geralmente fixada ao solo, onde seria a execução, e o réu
era forçado a carregar o poste horizontal, pesando aproximadamente 55 quilos, da
prisão até o lugar da execução.
EXPLICAÇÃO
A paixão física de Jesus começou no Getsêmani. Em Lucas diz: "E estando em
agonia, Ele orou. E Seu suor tornou-se em gotas de sangue, escorrendo pelo
“chão.”
Todos os estudos têm sido usados por escolas modernas para explicarem esta fase,
aparentemente debaixo da impressão que isto não pode acontecer.
No entanto, pode-se conseguir muito consultando a literatura médica. Apesar de
muito raro, o fenômeno de suor de sangue é bem documentado. Debaixo de um stress
emocional, finos capilares nas glândulas sudoríparas podem se romper, misturando
assim o sangue com o suor. Este processo causa fraqueza e choque. Atenção médica
é necessária para prevenir hipotermia.
Após a prisão no meio da noite, Jesus foi trazido ao Sumo sacerdote, onde sofreu
o primeiro trauma físico. Jesus foi esbofeteado na face por um soldado, por
manter-se em silêncio ao ser interrogado por Caifás. Os soldados do palácio
tamparam seus olhos e caçoaram d’Ele, pedindo para que identificasse quem O
estava batendo, e esbofeteavam a Sua face.
De manhã cedo, Jesus, surrado e com hematomas, desidratado, e exausto por não
dormir foi levado a Jerusalém para ser chicoteado e então crucificado.
Os preparativos para as chicotadas são feitos: o prisioneiro é despido de Suas
roupas, e Suas mãos amarradas a um poste, a cima de Sua cabeça. É duvidoso se os
Romanos seguiram as leis judaicas quanto às chibatadas. Os judeus tinham lei
antiga que proibia mais de 40 (quarenta) chibatadas. Os fariseus, para terem
certeza que esta lei não seria desobedecida ordenava apenas 39 chibatadas para
que não houvesse erro na contagem.
CHICOTE DUPLO
O soldado romano dá um passo à frente com um chicote com várias pesadas tiras de
couro com 2 (duas) pequenas bolas de chumbo amarradas nas pontas de cada tira.
O pesado chicote é batido com toda força contra os ombros, costas e pernas de
Jesus. Primeiramente as pesadas tiras de couro cortam apenas a pele. Então,
conforme as chibatadas continuam, elas cortam os tecido debaixo da pele,
rompendo os capilares e veias da pele, causando marcas de sangue, e finalmente,
hemorragia arterial de vasos da musculatura. As pequenas bolas de chumbo
primeiramente produzem grandes, profundos hematomas, que se rompem com as
subseqüentes chibatadas. Finalmente, a pele das costas está pendurada em tiras e
toda a área está uma irreconhecível massa de tecido ensangüentado. Quando é
determinado, pelo centurião responsável, que o prisioneiro está à beira da
morte, então o espancamento é encerrado.
Então, Jesus é desamarrado, e Lhe é permitido deitar-se no pavimento de pedra,
molhado com Seu próprio sangue. Os soldados romanos vêm uma grande piada neste
Judeu, que clamava ser o Rei. Eles atiram um manto sobre os Seus ombros e
colocam um pau em Suas mãos, como um cetro. Eles ainda precisam de uma coroa
para completar a cena. Um pequeno galho flexível, recoberto de longos espinhos é
enrolado em forma de uma coroa e pressionado sobre Sua cabeça. Novamente, há uma
intensa hemorragia (o escalpo é uma das regiões mais irrigadas do nosso corpo).
Após caçoarem d’Ele, e baterem em Sua face, tiram o pau de Suas mãos e batem em
Sua cabeça, fazendo com que os espinhos se aprofundem em Seu escalpo.
Finalmente, cansado de seu sádico esporte, o manto é retirado de Suas costas. O
manto, por sua vez, já havia se aderido ao sangue e grudado, nas feridas, justo
como em uma descuidada remoção de uma bandagem cirúrgica, causa dor
cruciante...quase como se estivesse apanhando outra vez – e as feridas, começam
a sangrar outra vez.
A pesada barra horizontal da cruz á amarrada sobre Seus ombros, e a procissão do
Cristo condenado, dois ladrões e os detalhes da execução dos soldados romanos,
encabeçada por um centurião, começa a vagarosa jornada até o Gólgota. Apesar do
esforço de andar ereto, o peso da madeira somado ao choque produzido pela grande
perda de sangue é muito para Ele. Ele tropeça e cai. Lascas da madeira entram
na pele dilacerada e nos músculos de Seus ombros. Ele tenta se levantar, mas os
músculos humanos já não suportam mais. O centurião, ansioso para a crucificação,
escolhe um norte-africano, Simão, para carregar a cruz. Jesus segue ainda
sangrando, suando frio e com choques. A jornada é então completada. O
prisioneiro é despido – exceto por um pedaço de pano que era permitido aos
judeus.
A crucificação começa: a Jesus é oferecido vinho com mirra, uma mistura para
aliviar a dor. Jesus se recusa a beber. Simão é ordenado a colocar a barra no
chão e Jesus é rapidamente jogado de costas, com Seus ombros contra a madeira.
Os soldados procuram a depressão entre os osso de Seu pulso. Ele dirige um
pesado, quadrado prego de ferro, através de Seu pulso para dentro da madeira.
Rapidamente ele se move para outro lado e repete a mesma ação, tomando o cuidado
de não pregar muito apertado, para possibilitar alguma flexão e movimento. A
barra da cruz é então levantada, e sobre o topo, a inscrição onde se lê: "Jesus
de Nazaré, Rei dos Judeus", é pregado.
O pé direito é pressionado contra o pé esquerdo, e com os pés esticados, os
dedos para baixo, um prego é martelado atravessando os pés, deixando os joelhos
levemente flexionados. A Vítima está agora crucificada. À medida que Ele se
abaixa, com o peso maior sobre os pregos dos pulsos, cruciante e terrível dor
passa pelos dedos e braços, explodindo no cérebro – os pregos dos pulsos
comprimem os nervos médicos. Conforme Ele se empurra para cima, a fim de aliviar
o peso e a dor, Ele descarrega todo o Seu peso sobre o prego em Seus pés. Outra
vez desencadeia a agonia do prego colocado entre os metatarsos se Seus pés.
EXPLICAÇÃO
Neste ponto, outro fenômeno ocorre. Enquanto os braços se cansam, grandes ondas
de cãibras percorrem Seus músculos, causando intensa dor. Com estas cãibras, vem
a inabilidade de empurrar – Se para cima, Pendurado por Seus braços, os músculos
peitorais ficam paralisados, e os músculos intercostais incapazes de agir. O ar
pode ser aspirado para os pulmões, mas não pode ser expirado. Jesus luta para se
levantar a fim de tomar fôlego. Finalmente, dióxido de carbono é retido nos
pulmões e no sangue, e as cãibras diminuem. Esporadicamente, Ele é capaz de se
levantar e expirar e inspirar o oxigênio vital. Sem dúvida, foi durante este
período que Jesus consegui falar as sentenças registradas:
Jesus olhando para os soldados romanos, lançando sorte sobre Suas vestes, "Pai,
perdoa-os, pois eles não sabem o que fazem."
Em Lucas 23:34 a forma do verbo no presente continuo indica que Ele continuou
dizendo isto. Ao lado do ladrão, Jesus disse: "Hoje você estará comigo no
Paraíso."
Jesus disse, olhando para baixo ao atemorizado e quebrantado adolescente João, "
eis a Sua mãe" e olhando para Maria, Sua mãe disse: "eis aí o seu filho".
O próximo clamor veio do início do Salmo 22, "Meu Deus, meu Deus, por que me
desamparaste?
Horas desta dor limitante, ciclos de contorção, cãibras nas juntas, asfixia
parcial intermitente, intensa dor por causa da lascas enfiadas nos tecidos de
Suas costas dilaceradas, conforme Ele se levanta contra o poste de crus. Então
outra dor de agonia começa. Uma profunda dor no peito, enquanto seu pericárdio
enche-se de um líquido que comprime o coração.
Agora está quase acabado – a perda de líquidos dos tecidos atinge um nível
crítico – o coração comprimido se esforça para bombear o sangue grosso e pesado
aos tecidos – os pulmões torturados tentam tomar pequenos golpes de ar. Os
tecidos, marcados pela desidratação, mandam estímulos para o cérebro.
Jesus suspira de sede. Uma esponja embebida em vinagre, vinho azedo, o qual era
o resto da bebida dos soldados romanos é levantado aos Seus lábios. Ele,
aparentemente, não toma este líquido. O corpo de Jesus chega ao extremo, e Ele
pode sentir o calafrio da morte passando sobre Seu corpo. Este acontecimento
traz as Suas próximas palavras – provavelmente, um pouco mais que um suspiro de
tortura.
"ESTÁ CONSUMADO"
Sua missão de sacrifício está completa. Finalmente, Ele permite o Seu corpo
morrer.
Com uma última força, Ele mais uma vez pressiona o Seu peso sobre os pés contra
o prego estica as Suas pernas e toma profundo fôlego e grita Seu último clamor:
"PAI, EM TUAS MÃOS ENTREGO O MEU ESPÍRITO"
Por causa da Páscoa, a tradição dizia que os réis ainda vivos, deveriam ser
retirados da cruz e quebradas as suas pernas. No caso de Jesus isto era
desnecessário.
CONCLUSÃO
Aparentemente, para ter certeza da morte, um soldado traspassou sua lança entre
o quinto espaço entre as costelas, enfiado para cima em direção ao pericárdio,
até o coração. O verso 34 do capítulo 19 do evangelho de João diz: “E
imediatamente verteu sangue e água." Isto era escape de fluido do saco que
recobre o coração, e o sangue do interior do coração. Nós, portanto, concluímos
que nosso Senhor morreu não de asfixia, mas de um enfarte de coração, causado
por choque e constrição do coração por fluidos no pericárdio.
A SENTENÇA DE CRISTO
Cópia autêntica da Peça do Processo de Cristo, existente no Museu da Espanha
No ano dezenove de TIBERIO CÉSAR, Imperador Romano de todo o mundo, Monarca
Invencível, na Olimpíada cento e vinte e um, e na Elíada vinte e quatro, da
criação do mundo, segundo o número e cômputo dos Hebreus, quatro vezes mil cento
e oitenta e sete, do progênio, do Romano Império, no ano setenta e três, e na
libertação do cativeiro de Babilônia, no ano mil duzentos e sete, sendo
governador da Judéia; QUINTO SÉRGIO, sob o regimento e governador da cidade de
Jerusalém, Presidente Gratíssimo, PÔNCIO PILATOS; regente, na baixa Galiléia,
HERODES ANTIPRAS; pontífice do sumo sacerdote, CAIFÁS; magnos do templo, ALIS
ALMAEL, ROBAS ACASEL, FRANCHINO CEUTAURO; cônsules romanos da cidade de
Jerusalém; QUINTO CORNÉLIO SUBLIME e SIXTO RUSTO, no mês de março e dia XXV do
ano presente – EU, PÔNCIO PILATOS, aqui Presidente do Império Romano, dentro do
Palácio e arqui-residência, julgo, condeno e sentencio à morte, Jesus, chamado
pela plebe – CRISTO NAZARENO – e galileu de nação, homem, sedicioso, contra a
Lei Mosaica – contrário ao grande Imperador TIBÉRO CÉSAR. Determino e ordeno por
esta, que se lhe dê morte na cruz, sendo pregado com cravos como todos os réus,
porque congregando e ajustando homens, ricos e pobres, não tem cessado de
promover tumultos por toda a Judéia, dizendo-se filho de DEUS e REI DE ISRAEL,
ameaçando com a ruína de Jerusalém e do sacro Templo, negando o tributo a César,
tendo ainda o atrevimento de entrar com ramos e em triunfo, com grande parte da
plebe, dentro da cidade de Jerusalém. Que seja ligado e açoitado, e que seja
vestido de púrpura e coroado de alguns espinhos, com a própria cruz aos ombros
para que sirva de exemplo a todos os malfeitores, e que, juntamente com ele,
sejam conduzidos dois ladrões homicidas; saindo logo pela porta sagrada, hoje
ANTONIANA, e que se conduza JESUS ao monte público da Justiça, chamado CALVÁRIO,
onde, crucificado e morto ficará seu corpo na cruz, como espetáculo para todos
os malfeitores, e que sobre a cruz se ponha, em diversas línguas, este título:
JESUS NAZARENUS, REX JUDEORUM. Mando, também, que nenhuma pessoa de qualquer
estado ou condição se atreva, temerariamente, a impedir a Justiça por mim
mandada, administrada e executada com todo o rigor, segundo os Decretos e Leis
Romanas, sob as penas de rebelião contra o Imperador Romano. Testemunhas da
nossa sentença: Pelas doze tribos de Israel: RABAM DANIEL, RABAM JOAQUIM
BANICAR, BANBASU, LARÉ PETUCULANI, Pelos fariseus: BULLIENIEL, SIMEÃO, RANOL,
BABBINE, MANDOANI, BANCURFOSSI. Pelos hebreus: MATUMBERTO. Pelo Império Romano e
pelo Presidente de Roma: LÚCIO SEXTILO e AMACIO CHILICIO.

Comentários